Arremessou o dardo e...
1000 pontos!
- Porra, Lucas, como você consegue acertar
no alvo bêbado desse jeito?
- Nunca fico bêbado, champ, eu me inspiro!
- HAHAHAHAHAHA....ta serto! Mas me diz. Que
fim levou aquela gatinha que você tava saindo? Uma delícia por sinal.
- Ah, bicho, ela veio com aquele papo de
monogamia, namoro sério, bla bla bla com 2 meses de sexo só. Aí não, né. Sem
contar que mês que vem é carnaval.
- Que carnaval, rapá? Mês que vem é agosto!
- Então! Já viu quantos encontros de
estudantes vão rolar pelo Brasil?
- E tu num já se formou?
- Somos eternos estudantes, meu jovem. E a
Cláudia, ainda apertando aquele travesseiro?
- Vai se foder, rapá!
- HAHAHHAHA
Lucas sai rindo em direção ao balcão do bar
pra mais uma rodada de cerveja e outra dose de cachaça.
- Outro "Combo inverno",
camarada. Isso, Boazinha e Original.
Enquanto ele aguarda o barman com seu
pedido ouve o papo de duas morenas sentadas perto do balcão.
- ...e você deixou ele fazer isso, amiga?
- Claro que deixei. Homem gosta de pensar
que ta bem na fita, que é o cara. Só assim eles têm história pra contar na mesa
do bar pros amigos. Principalmente pros amigos que não pegam ninguém. Já notou
que todo gostosinho que banca o garanhão sempre tem um amigo cabaço?
- HAHAHHAHA....claro, eles sempre sobram
pra mim.
- Para, amiga! Já falei pra você não entrar
nessa. Você é linda, ta no doutorado da UFRJ, tem emprego. Só falta acreditar
mais, se impor. E também não ficar fazendo a coitada por que eu bem vi o gostosinho
que você arrastou pra casa lá na Cave semana passada. Quando pretendia me
contar, hein?
- Ah...eu marco meus golaços também, né?!
Mas como de praxe, um babaca. Não parava de falar que viajou o mundo todo, que
falava um monte de língua, ficava me chamando pra casa do pai em Búzios.
Chatooooo!!!
- Então por que você pegou?
- Você mesma disse, amiga, GOS TO SO! Lambi
os beiços.
- HAHAHAAHAHHA
- Pensei "vamos ver se ele trepa tanto
quanto fala"
- E aí?
- Arrancar a segunda dele já foi um
problema sério. Tive que usar quase todo o meu repertório. Minha língua já tava
ficando dormente quando ele finalmente "acordou". Aí em cinco minutos
derrotei o chefão. Mais rápido que no Sonic.
- AAAAAHAHAHAHAHAHA
- E o pior que eu tava quase lá. Você sabe
como eu demoro quando o cara não ajuda. E esses gostosões NUNCA ajudam. Acham
que ter aquele corpo de academia perfeito já é o suficiente pra gente gozar.
Ele capotou e eu tive que completar o percurso por conta própria.
- Puta que pariu, esses caras de hoje são
uns moles. A gente batalhou tanto pra diminuir essa diferença dos gêneros, foi
pra faculdade, arrumou bons empregos, fez marcha das vadias, queimamos sutiãs,
daí quando estamos poderosas eles estão uns frouxos.
- Ai, amiga, não é pra tanto. Isso é coisa
de boyzinho da zona sul. Você já foi no baile charme de Madureira ou algum
outro do centro pra lá?
- Não. Por quê?
- Ih...não sabe o que ta perdendo. Já já te
conto, deixa eu ir no banheiro.
Jaqueline levanta e percebe que Lucas está
vidrado nela.
“Em mim, na minha história, no meu decote ou
em todas as anteriores? Gatinho ele.” – pensa.
Passa pelo garoto olhando-o fixamente nos
olhos. Ele não pisca. Ela entende. Passa e passa a mão no seu ombro...
- Licença
Ele, congelado, balbucia algo inaudível. Ela
passa por ele, um olhar por cima do ombro no terceiro passo, e vai rumo ao
banheiro. Perto da porta ela ouve um soco na mesa próxima. Um casal...
- Juliana, você ta falando merda!
- MERDA?!
- Fala baixo, porra!
- Baixo o caralho. Sei bem quem é aquela
piranha ali. Ela é amiguinha da tua ex que tu comeu logo depois que separou, ou
você vai querer mentir pra mim e dizer que eu to "falando merda"?
- É a Silvia sim e você continua falando
merda. Comi mesmo. Ela inventou uma desculpa e veio me dar em casa quando
terminei com a Lu, mas foi só aquilo. Trepa mal pra caralho, nunca mais quis.
Fiquei com remorso.
- Oh...que fofo, ele ficou com remorso.
- Deixa de ser escrota. É a primeira vez
que vejo essa garota desde então.
- Percebe-se pelo olhar que você lançou
nela. Me diz, qual a cor da calcinha? Porque com certeza você viu a cor da
calcinha dela nessa olhada.
- Pára! Que mané olhada. Eu só cumprimentei
a garota, ela tava na minha frente, não ia bancar o mal educado só porque eu to
com você.
- Bancasse. Você é mal educado quando ta
comigo. Foda-se essa piranha.
- Ta maluca, garota?
- Não me chama de maluca, muito menos
garota!
- Então porque tu ta fazendo essa cena
toda? A gente tava na moral até entrar nessa porra de boteco. Até na merda do
yogoberry eu te levei. E tu sabe que eu odeio essa porra.
- Foi você que estragou tudo. Sabe que eu
não vou com a cara dessas piranhas que você já comeu. Ainda por cima no nosso
aniversário de 4 meses.
- Amor, pára! Deixa de ser boba. Sabe que eu te amo. Esqueceu que eu larguei um
carnaval por você? A galera do bloco me chama de cabaço até hoje porque perdi o
desfile.
- Imagino que pro gostosão do trompete deve
ter sido muito difícil largar o carnaval. Deixou de comer quantas? 20, 30?
- Olha só você de novo. Já te falei que...
- Ta bom, ta bom! Tava brincando com você. Eu sou ciumenta demais mesmo. Certo
que você me dá motivo. Sua história me dá motivo. Mas relaxa, meu bem, vamos
aproveitar nossa noite. Pega mais um litrão lá pra gente que hoje eu quero
ficar quentinha pra você mais tarde.
- Hahahaha....ta bom. Antes vou ao banheiro. Já volto.
Ives levanta e dá um beijo demorado na sua
menina, pega um guardanapo sem ela perceber e vai ao banheiro. Entra no
corredor que separa o masculino do feminino e dá uma olhada rápida pra onde
Silvia estava sentada. Ela não está mais lá, só a amiga conversando com um cara
qualquer.
Minutos depois Silvia volta, desvia do
rapaz que sai com sorriso no rosto, e senta.
- Amiga, você não vai acreditar. Lembra que
quando a gente chegou e eu comentei sobre aquele cara que eu cumprimentei?
- Sei, o tal Ives “Um minuto”.
- Ele mesmo. Você acredita que o babaca me entregou isso quando eu tava saindo
do banheiro?!
No bilhete lia-se:
“Não sei onde eu tava com a cabeça de
começar a namorar sem ter outra noite como aquela nossa. Quero você de novo.
Meu telefone e whatsapp. Vamos repetir amanha?! Te pego onde você quiser, to
livre depois das 19h. Beijos ardentes. Ives”
- AHAHAHAHHAHAHAHA Beijos
ardentes!??!!?!?!? Que canalha! E com a namorada dele aqui!
- Pra você ver. Esses caras são o oh.
- O pior é que quando eu entrei no banheiro
ele tava quebrando o pau com a menina. Devia ser por sua causa. Eu vi a olhada
sinistra que ele te deu.
- Coitada. Se não tiver aprontando também
ta fodida na mão desse idiota. Mas me conta. O que esse gatinho tava falando de
tão interessante no seu ouvido quando eu cheguei?
- Ah resolvi sair da defesa, amiga. Quando
eu tava te contando minha história com o gostoso da Cave ele tava quase gozando
ouvindo tudo. Fui ao banheiro e antes dei uma provocadinha básica pra ver qual era
a dele. No primeiro momento ficou na merda, mas depois de conversar com o amigo
veio todo serelepe puxar assunto logo que você saiu.
- E ai?
- Eles tão de carro e disseram que dão
carona pra gente até o arpoador pra um forró que ele jura que ta rolando ainda.
- A essa hora? São 2 da manha!
- Ele disse que vai até de manha. Ainda me
manda que “a gente pode ralar coxa e depois ver o nascer do Sol juntinho na
praia”
- Gostei da idéia, hein. Mora perto? Me deixa em Ipanema?
- Mora. Ali perto da Siqueira Campos. Mas
tem um porém.
- Fala.
- Não, olha ali. Você vai ter que pegar o
amigo cabaço dessa vez. O que você acha? Eu achei tranqüilo, falta ver o papo.
- Hmmm. Interessante. A muito tempo não
fico com um baixinho. Será que ele ta na regra do L?
- HAHHAHAHAHA
- HAHAHAHAHAHA....no caminho eu decido se o
papo dele me convence ou não.
Percebendo as risadas e olhares, Lucas bate
na perna do amigo, os dois levantam e vão até as garotas. Jaqueline também se
levanta e surpreende Lucas com um beijo que deixa Silvia e o Amigo se olhando
sem graça.
- Oi! Prazer, Silvia.
- Prazer, Victor. Vamos pagar logo essa conta pra pegar o forró no auge?
- Claro.
Os quatro saem do bar para a noite
estrelada e fresca do Rio de Janeiro. Não sem antes comprar 3 latões para o
caminho até o arpoador aos olhos de um São Sebastião orgulhoso dos cidadãos que
sempre lhe dão prazer em proteger.