domingo, 27 de julho de 2014

...sentada no sofá da sala

toc toc
- oh, céus, o que pode ser dessa vez? só pode ser brincadeira. será a farmácia? meus ansiolíticos acabaram. ótimo! mas não lembro de ter pedido nada!
toc toc
- e essa pressa toda? pode ser a companhia de luz. não lembro de ter pago esse mês! justo essa semana que tem feito tanto frio, ficar sem luz seria um desastre! deixa eu ver se encontro o reci...
toc toc
- deus! me esqueci completamente. o aluguel vence hoje! pq dna. hermínia tem que ser tão apressada. são 15h ainda, onde ela está com a cabeça de vir aqui a essa hora? nem lembro onde enfiei meu pagamento. paguei as contas ontem, deve estar na minha bolsa ainda.
toc toc
- jesus cristo, são as garotas! as chamei para um café no fim da tarde para que tivesse tempo de arrumar a casa e ainda não fiz nada. olha essa bagunça! que vergonha! não, isso não pode estar acontecendo. o que elas vão pensar? que eu sou uma péssima dona de casa, e se eu não cuido bem da casa imagina como devo cuidar dos meus filhos. ótimo, uma péssima mãe e dona de casa!
toc toc
- já vai! o que eu faço? não posso abrir a porta assim, tão mal arrumada. olha esse cabelo. não era hoje que eu tinha hora marcada no gerson's? e essa roupa velha? preciso tomar um banho agora! já vai!
toc toc
- ainda tem todos aqueles trabalhos da faculdade pra fazer. não tenho tempo para receber ninguém. tanta coisa pra fazer e me aparece alguém justo agora! a essa hora!
toc toc
- já sei. se eu ficar bem quieta vão pensar que não tem ninguém em casa e vão embora. se a pessoa não estiver eles não podem entregar a intimação. é, eu vi na tv. vc precisa confirmar o seu nome, só assim eles podem te intimar. mas o que eu fiz de errado? eu não matei ninguém esse mês! eu só sou uma dona de casa, mãe, esposa, estudante...que mal eu faria para alguém?
TOC TOC
- Nossa Senhora, só pode ser um pesadelo. Deve ser coisa da Inês! Aquela vaca sempre teve inveja de mim. Ela deve ter armado alguma coisa. Será que ela me viu quando eu saí com o Fernando? mas isso já tem 15 anos!!! Ele pode ter sido preso e ela ligou pra polícia pra me incriminar como cúmplice. Eu sempre desconfiei dele. Devia tá metido com alguma coisa fora da lei. Confesso que isso me atraia, mas nunca pensei que pudesse ser PRESA por causa disso!
TOC TOC
- VAI EMBORA! ME DEIXA EM PAZ! EU NÃO QUERO SABER DE NADA! EU NÃO FIZ NADA! SÓ ESTOU TENTANDO VIVER COMO UMA PESSOA NORMAL. EU ACORDO CEDO TODO DIA PRA TRABALHAR. PAGO MINHAS CONTAS EM DIA. CRIO MEUS FILHOS SOZINHA ENQUANTO AQUELE FILHO DA PUTA SÓ CHEGA EM CASA DE MADRUGADA, BÊBADO, E EU AINDA TO ACORDADA ESTUDANDO E ESPERANDO ELE CHEGAR PRA LIMPAR A SUJEIRA QUE ELE DEIXA NA COZINHA. OH, DEUS, COMO EU QUERIA QUE ELE INFARTASSE COM TODA AQUELA GORDURA QUE ELE COME.
TOC TOC TOC
- SAAAAAI!!!! ME DEIXA TENTAR SER FELIZ! SÓ MAIS UM DIA! EU JURO QUE CONSIGO. ME DÁ MAIS UMA CHANCE? DESSA VEZ EU JURO QUE FAÇO DIFERENTE. MEUS FILHOS JÁ ESTÃO CRIADOS. EU VOU EMBORA DAQUI, DEIXAR AQUELE TRASTE SOZINHO COMO ELE SEMPRE FEZ COMIGO. POSSO ARRUMAR UM EMPREGO ATÉ ME FORMAR NA FACULDADE. ISSO! É SÓ EU ME FORMAR QUE TUDO VAI DAR CERTO, VC VAI VER! EU VOU SER INDEPENDENTE, VOU ME SUSTENTAR, VOU VIAJAR O MUNDO INTEIRO. CONHECER UM NOVO HOMEM QUE ME VALORIZE POR QUEM EU SOU, QUE ME AME, CUIDE DE MIM, RESPEITE MINHA LIBERDADE. EU VOU SER FELIZ!!! EU VOU SER FELIZ!!!!
...
- (soluços)
...
- ...
ring ring ring
- oh, céus, será minha mãe? onde que eu tava com a cabeça que esqueci de ligar pra saber se ela melhorou daquela tosse horrível. eu já falei pra ela largar o maldito cigarro mas ela não me ouve. ainda torra toda a aposentadoria pra se matar desse jeito. em mim ninguém pensa. tudo sou eu que tenho que resolver nessa família. de mim ninguém cuida.
ring ring
- Alou!...o quê? Fala direito, garoto, não tô entendendo nada.....Ãhn!??! Eu vou ser o quê? Eu vou ser avó??? Mas, Rogério, isso é impossível, vc só tem 17 anos, meu filho!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

...num bar qualquer

Arremessou o dardo e...
1000 pontos!

- Porra, Lucas, como você consegue acertar no alvo bêbado desse jeito?
- Nunca fico bêbado, champ, eu me inspiro!
- HAHAHAHAHAHA....ta serto! Mas me diz. Que fim levou aquela gatinha que você tava saindo? Uma delícia por sinal.
- Ah, bicho, ela veio com aquele papo de monogamia, namoro sério, bla bla bla com 2 meses de sexo só. Aí não, né. Sem contar que mês que vem é carnaval.
- Que carnaval, rapá? Mês que vem é agosto!
- Então! Já viu quantos encontros de estudantes vão rolar pelo Brasil?
- E tu num já se formou?
- Somos eternos estudantes, meu jovem. E a Cláudia, ainda apertando aquele travesseiro?
- Vai se foder, rapá!
- HAHAHHAHA

Lucas sai rindo em direção ao balcão do bar pra mais uma rodada de cerveja e outra dose de cachaça.

- Outro "Combo inverno", camarada. Isso, Boazinha e Original.

Enquanto ele aguarda o barman com seu pedido ouve o papo de duas morenas sentadas perto do balcão.

- ...e você deixou ele fazer isso, amiga?
- Claro que deixei. Homem gosta de pensar que ta bem na fita, que é o cara. Só assim eles têm história pra contar na mesa do bar pros amigos. Principalmente pros amigos que não pegam ninguém. Já notou que todo gostosinho que banca o garanhão sempre tem um amigo cabaço?
- HAHAHHAHA....claro, eles sempre sobram pra mim.
- Para, amiga! Já falei pra você não entrar nessa. Você é linda, ta no doutorado da UFRJ, tem emprego. Só falta acreditar mais, se impor. E também não ficar fazendo a coitada por que eu bem vi o gostosinho que você arrastou pra casa lá na Cave semana passada. Quando pretendia me contar, hein?
- Ah...eu marco meus golaços também, né?! Mas como de praxe, um babaca. Não parava de falar que viajou o mundo todo, que falava um monte de língua, ficava me chamando pra casa do pai em Búzios. Chatooooo!!!
- Então por que você pegou?
- Você mesma disse, amiga, GOS TO SO! Lambi os beiços.
- HAHAHAAHAHHA
- Pensei "vamos ver se ele trepa tanto quanto fala"
- E aí?
- Arrancar a segunda dele já foi um problema sério. Tive que usar quase todo o meu repertório. Minha língua já tava ficando dormente quando ele finalmente "acordou". Aí em cinco minutos derrotei o chefão. Mais rápido que no Sonic.
- AAAAAHAHAHAHAHAHA
- E o pior que eu tava quase lá. Você sabe como eu demoro quando o cara não ajuda. E esses gostosões NUNCA ajudam. Acham que ter aquele corpo de academia perfeito já é o suficiente pra gente gozar. Ele capotou e eu tive que completar o percurso por conta própria.
- Puta que pariu, esses caras de hoje são uns moles. A gente batalhou tanto pra diminuir essa diferença dos gêneros, foi pra faculdade, arrumou bons empregos, fez marcha das vadias, queimamos sutiãs, daí quando estamos poderosas eles estão uns frouxos.
- Ai, amiga, não é pra tanto. Isso é coisa de boyzinho da zona sul. Você já foi no baile charme de Madureira ou algum outro do centro pra lá?
- Não. Por quê?
- Ih...não sabe o que ta perdendo. Já já te conto, deixa eu ir no banheiro.

Jaqueline levanta e percebe que Lucas está vidrado nela.

“Em mim, na minha história, no meu decote ou em todas as anteriores? Gatinho ele.” – pensa.

Passa pelo garoto olhando-o fixamente nos olhos. Ele não pisca. Ela entende. Passa e passa a mão no seu ombro...

- Licença

Ele, congelado, balbucia algo inaudível. Ela passa por ele, um olhar por cima do ombro no terceiro passo, e vai rumo ao banheiro. Perto da porta ela ouve um soco na mesa próxima. Um casal...

- Juliana, você ta falando merda!
- MERDA?!
- Fala baixo, porra!
- Baixo o caralho. Sei bem quem é aquela piranha ali. Ela é amiguinha da tua ex que tu comeu logo depois que separou, ou você vai querer mentir pra mim e dizer que eu to "falando merda"?
- É a Silvia sim e você continua falando merda. Comi mesmo. Ela inventou uma desculpa e veio me dar em casa quando terminei com a Lu, mas foi só aquilo. Trepa mal pra caralho, nunca mais quis. Fiquei com remorso.
- Oh...que fofo, ele ficou com remorso.
- Deixa de ser escrota. É a primeira vez que vejo essa garota desde então.
- Percebe-se pelo olhar que você lançou nela. Me diz, qual a cor da calcinha? Porque com certeza você viu a cor da calcinha dela nessa olhada.
- Pára! Que mané olhada. Eu só cumprimentei a garota, ela tava na minha frente, não ia bancar o mal educado só porque eu to com você.
- Bancasse. Você é mal educado quando ta comigo. Foda-se essa piranha.
- Ta maluca, garota?
- Não me chama de maluca, muito menos garota!
- Então porque tu ta fazendo essa cena toda? A gente tava na moral até entrar nessa porra de boteco. Até na merda do yogoberry eu te levei. E tu sabe que eu odeio essa porra.
- Foi você que estragou tudo. Sabe que eu não vou com a cara dessas piranhas que você já comeu. Ainda por cima no nosso aniversário de 4 meses.
- Amor, pára! Deixa de ser boba. Sabe que eu te amo. Esqueceu que eu larguei um carnaval por você? A galera do bloco me chama de cabaço até hoje porque perdi o desfile.
- Imagino que pro gostosão do trompete deve ter sido muito difícil largar o carnaval. Deixou de comer quantas? 20, 30?
- Olha só você de novo. Já te falei que...
- Ta bom, ta bom! Tava brincando com você. Eu sou ciumenta demais mesmo. Certo que você me dá motivo. Sua história me dá motivo. Mas relaxa, meu bem, vamos aproveitar nossa noite. Pega mais um litrão lá pra gente que hoje eu quero ficar quentinha pra você mais tarde.
- Hahahaha....ta bom. Antes vou ao banheiro. Já volto.

Ives levanta e dá um beijo demorado na sua menina, pega um guardanapo sem ela perceber e vai ao banheiro. Entra no corredor que separa o masculino do feminino e dá uma olhada rápida pra onde Silvia estava sentada. Ela não está mais lá, só a amiga conversando com um cara qualquer.
Minutos depois Silvia volta, desvia do rapaz que sai com sorriso no rosto, e senta.

- Amiga, você não vai acreditar. Lembra que quando a gente chegou e eu comentei sobre aquele cara que eu cumprimentei?
- Sei, o tal Ives “Um minuto”.
- Ele mesmo. Você acredita que o babaca me entregou isso quando eu tava saindo do banheiro?!

No bilhete lia-se:

“Não sei onde eu tava com a cabeça de começar a namorar sem ter outra noite como aquela nossa. Quero você de novo. Meu telefone e whatsapp. Vamos repetir amanha?! Te pego onde você quiser, to livre depois das 19h. Beijos ardentes. Ives”

- AHAHAHAHHAHAHAHA Beijos ardentes!??!!?!?!? Que canalha! E com a namorada dele aqui!
- Pra você ver. Esses caras são o oh.
- O pior é que quando eu entrei no banheiro ele tava quebrando o pau com a menina. Devia ser por sua causa. Eu vi a olhada sinistra que ele te deu.
- Coitada. Se não tiver aprontando também ta fodida na mão desse idiota. Mas me conta. O que esse gatinho tava falando de tão interessante no seu ouvido quando eu cheguei?
- Ah resolvi sair da defesa, amiga. Quando eu tava te contando minha história com o gostoso da Cave ele tava quase gozando ouvindo tudo. Fui ao banheiro e antes dei uma provocadinha básica pra ver qual era a dele. No primeiro momento ficou na merda, mas depois de conversar com o amigo veio todo serelepe puxar assunto logo que você saiu.
- E ai?
- Eles tão de carro e disseram que dão carona pra gente até o arpoador pra um forró que ele jura que ta rolando ainda.
- A essa hora? São 2 da manha!
- Ele disse que vai até de manha. Ainda me manda que “a gente pode ralar coxa e depois ver o nascer do Sol juntinho na praia”
- Gostei da idéia, hein. Mora perto? Me deixa em Ipanema?
- Mora. Ali perto da Siqueira Campos. Mas tem um porém.
- Fala.
- Não, olha ali. Você vai ter que pegar o amigo cabaço dessa vez. O que você acha? Eu achei tranqüilo, falta ver o papo.
- Hmmm. Interessante. A muito tempo não fico com um baixinho. Será que ele ta na regra do L?
- HAHHAHAHAHA
- HAHAHAHAHAHA....no caminho eu decido se o papo dele me convence ou não.

Percebendo as risadas e olhares, Lucas bate na perna do amigo, os dois levantam e vão até as garotas. Jaqueline também se levanta e surpreende Lucas com um beijo que deixa Silvia e o Amigo se olhando sem graça.

- Oi! Prazer, Silvia.
- Prazer, Victor. Vamos pagar logo essa conta pra pegar o forró no auge?
- Claro.


Os quatro saem do bar para a noite estrelada e fresca do Rio de Janeiro. Não sem antes comprar 3 latões para o caminho até o arpoador aos olhos de um São Sebastião orgulhoso dos cidadãos que sempre lhe dão prazer em proteger.

terça-feira, 8 de abril de 2014

...o fim se aproxima

- Eu é que não vou ficar aqui parado enquanto o mundo se desencanta em areias movediças e pinturas a óleo

Pegou a escada, firmou bem no assoalho e subiu. Subiu no topo da montanha mais alta que seus pulmões podiam aguentar respirar. Suspirou e olhou pra baixo. Rios de pessoas queridas cortavam como veias seus belos campos de acertos e decepções. Ouviu um grito ao longe.

- E você, o que faz aqui?
- Estou pensando em fazer a maior avalanche que esse mundo já presenciou - respondeu de olhos abertos e cera nos ouvidos
- É o suficiente? É necessário acordar os segredos adormecidos por tanto tempo? Você é mesmo capaz de desmoronar? - a voz insistiu serena entre uma brisa e outra
- E quem duvida? Sou eu mesmo, Deus dos meus ventos e vontades. Sou eu mesmo o vilão que provoca a fúria do herói que sou. Eis me aqui pronto para odiar-me infinitamente em ação desgovernada. Minhas mãos sangram urgentes, querem rugir alto movimentos escandalosos. Eis me aqui, eu e meu ancião silêncio. Que jamais cale-se outra vez!

Em um movimento brusco pincelou o ar com seus braços em movimentos firmes. Doces eram as vontades, duras eram as exigências. O céu rachou-se ao meio com trovoadas invocadas - KBOOM! - Gritou seu coração lá do alto cansado da bagunça (outras histórias contam que foram assovios despreocupados com o fardo que se fora). Atingido em cheio pelo inverso da inércia, sentiu-se desamparado em sua própria fortaleza. O chão tremia de medo dele, parecia querer fugir para longe dos seus pés que fincavam os dedos na terra surrada do topo da escada.

- Que se façam vivos os meus erros. Levem embora todos os acertos sorridentes!

Tormenta, o Deus habitante do centro do seu peito toma forma à partir de seus gestos. É mais poderoso do que jamais imaginava. Gargalhou alto envergando sua coluna como faziam as árvores frondosas dos bosques de suas memórias. Era aquilo que sempre desejava. Causar tempestade, redemoinhos e furacões tão fortes que abalassem todos os mundos que encontrassem no caminho dos seus olhos. A escada volta a mover-se de forma irregular e perigosa. Dessa vez seus pés deram por encerrada sua íntima relação com a terra que pareceu sempre uma companheira inseparável.

- Está aqui minha obra! Contemplai o magnifico despertar das minhas cores! Que o mundo nunca mais volte a ser apenas o suor dos que dele dependem. Abro aqui as asas de uma nova aurora! Declaro encerrado o fim e proclamo o Eterno como nova lei. As amarras estão frouxas, o infinito nos aguarda para uma xícara de chá na penúltima esquina do universo.

A voz: - És louco, homem mundano? O que pensa fazer de ti em campos tão floridos e férteis? O que pensa ser a renovação é apenas o passado de um recomeço triste e acabado. Está repetindo o teu equivoco de amanhã. Enfadonho é teu nome, e Destino é tua prisão. Não percebe a redundância dos teus atos, humano?

- Não - retruca ele - Sei bem o que faço ao libertar-me dos sentimentos. São minhas feridas que te incomodam? São minhas cicatrizes que te fazem parecer ser eu incapaz? Não me julgue tolo! Sou o que serei sob domínio do que já fui. Estou morto mas vivo do reinício. Não sofro calado. Silencio no desespero e volto a cantar no lombo da prima luz de todos os dias! Eis de ser a explosão cósmica que cega a placidez do artista, conformado com sua excelência, fatigado do seu talento, mastiga as horas trabalhando por vil sucesso entre mortos de sede à beira do rio da vida. Chega! Um brinde a sedução da beleza, pois seus dias de placidez encerram sua contagem agora!

E com um movimento forte do seu coração expulsa a voz para o além. Tormenta desce forte a montanha contando aos 4 ventos catástrofe. No horizonte tudo cai, e sobe e explode em vida. O vazio chega atrasado para a festa e se senta sozinho num canto, ele sabe que logo chega a sua hora. Mais movimentos bruscos balançam a escada. E mais...e mais...e mais. Até lembrar que seus pés não tem asas, a pesar de solteiros e livres. Um aperto em forma de choque toma-lhe o corpo inteiro. E mais uma vez. Outro choque forte sacode-lhe o corpo. Os olhos vão enxergando o branco, a folha em branco.

- Está para acontecer. É a hora!

A escada despenca levando consigo seus pés que esqueceram seu compromisso vital com suas pernas, que por sua vez não querem abandonar seus quadris nesse momento de crise. Esses apelam para seu tronco que tem nos braços a força para reagir. Incapazes de relacionarem-se fisicamente com o ar passam seu insucesso à cabeça que avisa o resto do corpo em desespero "Lá vamos..."

tuuuuuuuuuuuuuuuuutu........tu.......tu.........tu........tu.......tu.....

- Dr.! Dr.! Recuperamos o paciente. Temos pulso. Pressão arterial voltando a normalidade.
- Parabéns equipe! Devolvemos à vida mais um homem!